O Brejão de Nioaque entrou para a história neste fim de semana, ao vencer a final do 1º Campeonato Nacional de Futebol Indígena, no Estádio Bezerrão, no Gama, Distrito Federal. O time sul-mato-grossense ganhou de 3 a 1 do Terra Indígena Ivaí na grande final. Levantou a taça da competição que reuniu 92 equipes e mais de 2.700 atletas de diversas etnias, em um torneio que seguiu as regras da CBF e da FIFA — mas com a alma das aldeias. “Vai ser um orgulho ter esse troféu lá conosco, nosso povo Terena”, disse o jogador Toti.
A equipe já havia chamado atenção na semifinal, com uma goleada em cima do Pataxó Imbiruçu. No vestiário, antes da partida, os jogadores receberam a visita do senador Nelsinho Trad, único representante de Mato Grosso do Sul presente no campeonato.
Médico, ex-prefeito e com longa trajetória de apoio às comunidades indígenas, o parlamentar foi recebido com festa pelos atletas e até bateu uma bolinha com os jogadores. “Pra gente é uma satisfação tê-lo com a gente pra acompanhar um jogo nosso”, disse o técnico do Brejão, Wesley Goes.
O senador, apaixonado por futebol, falou com a equipe. “Vamos fazer o simples, bem feito. Vamos dar o melhor. Tenho orgulho de vocês”, disse.
A fala inspiradora parece ter surtido efeito imediato. Logo após o bate-papo, o Brejão marcou seis gols na semifinal — desempenho que fez o próprio parlamentar brincar nas redes: “Dizem que fui pé quente… mas quem aqueceu o meu coração foram eles”.
O tom emotivo tomou conta também após a conquista do título. Em vídeo, Ronaldo, um dos jogadores, dedicou a vitória ao primo Moisés, falecido em decorrência de um câncer. “Essa homenagem chega a dar emoção… Ele sempre estava com a gente. Vim com uma lesão no joelho, mas vim dar tudo de mim. Essa vitória é pra ele e pra nossa comunidade”, disse o jogador.
Neste domingo, já depois do apito final da decisão, o senador Nelsinho Trad publicou novo vídeo: “Parabéns, Brejão de Nioaque! Vocês conquistaram o primeiro Campeonato Brasileiro Indígena. E olha… se a Seleção Brasileira vacilar, dá pra vocês irem lá representar o país!”, brincou, antes de justificar a ausência na arquibancada da final por conta de um compromisso familiar já marcado.
Com políticas públicas marcantes voltadas aos povos originários — como a criação de aldeias urbanas em Campo Grande, quando foi prefeito —, o senador Nelsinho tem feito questão de estar presente em eventos que unem esporte, cultura e cidadania.
O campeonato, realizado pela Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais) em parceria com a União Nacional Indígena, foi descrito pelos organizadores como um espaço de integração entre culturas e valorização das tradições indígenas por meio do futebol.
Se depender do desempenho do Brejão e do apoio que tiveram fora de campo, o evento já nasceu como tradição. E o Mato Grosso do Sul pode se orgulhar de ter levantado essa primeira taça.
